Por que é tão fácil procrastinar - Segundo a Psicologia Comportamental
- Gabriel Menezes
- 28 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 21 de jul.

Primeiro, podemos pensar na procrastinação como um problema de escolha. Podemos escolher realizar uma obrigação ou realizar outra atividade, normalmente, mais prazerosa, relaxante ou, pelo menos, menos difícil por assim dizer. Isso quer dizer que, então, se é uma escolha, poderíamos facilmente escolher fazer o certo e somos irresponsáveis por não fazer isso?? Na verdade, o buraco
é mais embaixo…
Normalmente, essa escolha se dá entre uma atividade menos trabalhosa e/ou com recompensa/ prazer imediatos em comparação com outra mais trabalhosa e cuja recompensa é atrasada. Quando procrastinamos, em geral, escolhemos a primeira opção em detrimento da segunda. Por exemplo, um adolescente que pode estudar para a prova difícil e receber uma nota boa somente após algumas semanas ou jogar videogame até tarde e se divertir muito mais assim. Ou um profissional que precisa formular um relatório que pode levar a uma promoção num futuro incerto ou sair para beber com os amigos.
Um estudo clássico desse fenômeno psicológico foi realizado nos estudos sobre autocontrole coordenados por Walter Mitchell em Stanford. Nesse estudo, conhecido como o experimento do marshmallow, crianças recebiam um marshmallow que podiam escolher comer imediatamente ou esperar e, por isso, serem recompensadas com outro marshmallow. Em uma replicação famosa desse teste, que foi postada no You Tube, a maioria das crianças comeu o marshmallow. Esse resultado mostra a dificuldade de optar pelo prazer atrasado, mesmo que seja maior.
Além de trabalhosa e com recompensa atrasada, a atividade difícil pode envolver sentimentos difíceis que tendemos a evitar: ansiedade, tédio, medo, tristeza, etc. Assim, a atividade escolhida no lugar atua para nos afastar dessas dores, num processo conhecido como esquiva experiencial. Isso pode levar a maus hábitos, compulsões e atè vícios (comer emocional, consumo de drogas, pornografia em excesso, etc.)

Além disso, atualmente vivemos cercados de dispositivos prontos para fornecer entretenimento rápido e fácil a qualquer momento e com o mínimo esforço: Os smartphones. Com essa recompensa rápida de baixo custo, fica ainda mais difícil se engajar em tarefas mais trabalhosas, porém mais recompensadoras no longo prazo.
A partir disso, podemos dizer que “A recompensa mora longe e o caminho é deserto”. Mas calma, existe esperança! Com a ajuda de um psicólogo é possível detectar quais contextos e de que forma ocorre a procrastinação. Também é possível elaborar estratégias de enfrentamento a esses momentos difíceis, levando em conta a história do indivíduo, seu contexto e outras particularidades.
A procrastinação é um processo que surge devido à nossa tendência evolutiva de gastar energia desnecessariamente. Assim, não há razão para demonizá-la ou sentir-se inferior por fazê-la. Em Psicoterapia, o objetivo
é criar a oportunidade de uma escolha mais consciente frente à procrastinação. Desse modo, a atividade de recompensa rápida não se torna opção automática, em detrimento de responsabilidades e projetos para o futuro